Acabou a Copa 2014, ainda há muito por fazer. Hora de mão na massa!

Este não é um texto de reclamação, não é político, muito menos destinado a remoer o agora passado, pois este é imutável. Temos apenas o agora hoje que, se bem trabalhado, pode, apenas pode, gerar um futuro diferente.

Hoje, dia 11, é véspera da maior festa esportiva do planeta, é fato, não é opinião. É fato, não é política, nem esquerda, nem direita. Nestes 30 dias não há o que fazer, senão celebrar para os que gostam e, viajar, ler um livro, ir ao cinema ou teatro para os que não gostam. O que é mais do que justo, inclusive.

Para a Copa das Confederações foram inauguradas 6 Arenas novas ou reformadas, algo inédito no Brasil, um modelo de gestão ainda não testado, parcerias, financiamentos, cogestão, empresas estrangeiras, brasileiras, todos perdidos em meio ao simples novo. Ao longo de 2013 estas arenas operaram, também sob críticas, senão vejamos: o torcedor reclamou dos preços restritivos, dos locais (atrás dos gols) e da não evolução do espetáculo, os clubes reclamaram dos contratos com as empreiteiras e operadoras, a televisão reclamou dos estádios faltando gente em suas áreas nobres, sim, estádio vazio é ruim a televisão também, os patrocinadores receberam contas mais altas para pagar e uma serie de incertezas relacionadas à entrega. Os bancos temem o calote, uma vez que os exercícios financeiros são frágeis até o momento. A mídia em geral, não menos frágil e despreparada, contribui para acirrar os ânimos, na maioria das vezes sem pesquisa, sem investigar, etc. Os jogadores não podem ficar à mercê de um calendário “único” que impõe sacrifícios acima do aceitável, com condições de remuneração e trabalho abaixo do aceitável (em geral).

O torcedor não pode suportar o peso do aumento do ingresso, sem usufruir do melhor lugar e sem a melhora no espetáculo, o clube não pode abrir mão de toda sua receita de bilheteria, algumas de patrocínio, sob pena de mais fracassos financeiros e do empobrecimento ainda maior do show, as empreiteiras precisam pagar seus financiamentos, a televisão precisa de um espetáculo literal para, infelizmente, seguir sendo o principal suporte financeiro dos clubes, isso em uma visão míope de mercado, pois devia ser a primeira a buscar o enriquecimento da competição e diminuição de seu ônus, visão sonhadora, eu sei. Os patrocinadores precisam receber mais, ir além da entrega básica, da visibilidade de marca, precisa ser servido e, os bancos precisam receber, obviamente.

Caminhos? Muitos. Absolutamente certos? Talvez, provavelmente não. Mas o caminho do sucesso é tentar, errar várias vezes e acertar algumas. Quem arrisca? Os players estão listados acima, suas necessidades básicas, em uma visão pura, otimista, sonhadora, ingênua, também, por que não? Vamos tentar? Lembre-se, sempre pode piorar!

Os clubes precisam parar de enganar o torcedor, é preciso ajuda-los a entender que é essencial pensar em longo prazo. Desde 1993 a mística financeira de cair para a segunda divisão foi superada. A “zoação” dos rivais não, mas isso é do jogo. Estes clubes precisam de responsabilidade, transparência, também servir seus patrocinadores, com insights, recomendações, propostas de ações que engajem a marca, que a conecte com o torcedor, não somente pelo jogo em si, mas pela segunda tela, pelo conteúdo, pela emoção, pelas características de cada torcida, pelo selo: patrocinador oficial, aqui abre-se um mundo para a criação e ativação. Cada patrocinador deve ser único em sua categoria, tanto de segmento de mercado, como de conteúdo. Se possível que eles (patrocinadores) possa interagir entre si.

A televisão precisa entender que o domínio se exerce pelo conteúdo, pela qualidade, pela audiência sim, mas nunca pela força financeira, pelo menos no longo prazo não. É fundamental fortalecer a competição e suas divisões. O compartilhamento do dinheiro deve ser por tradição sim, mas não limitado a ele. Deve ser por exposição, por participação, por resultado. Algo dinâmico em sua distribuição que traga mais competitividade e equilíbrio.

Operadoras / empreiteiras, bem vindas, sua experiência internacional é louvável, mas aproveitem os profissionais que conhecem esse mercado, pois é especial, não temos cultura do entretenimento esportivo, ao contrário, aqui, o torcedor tem 66% de chance de sair do estádio aborrecido. Cultura de entretenimento latu sensu? Menos ainda, shows, teatro, cinema, museu, são novidades para muitos, infelizmente. Logo, é preciso criar essa cultura e isso somente se faz com conhecimento, perseverança e educação.

Bancos, por favor, isso não é uma super planilha onde se aplicam juros. É algo dinâmico, quase vivo, a frieza é inimiga do sucesso aqui. É preciso uma visão de marketing também, evitar o desgaste e o sufocamento dos parceiros.

Imprensa, vocês têm o fosfora nas mãos, responsabilidade ímpar para o sucesso dessa indústria. Há conhecimento no mercado, o conteúdo deve superar o comercial. A indústria do esporte forte é mais importante que cliques patológicos.

É preciso criar uma liga, urgentemente, uma entidade que cuide da competição, que zele pelos clubes, pelos patrocinadores, que “brigue” em bloco pela evolução de todos os envolvidos, pelo saneamento das dívidas, por um melhor equilíbrio entre as diversas fontes de receita.

Há caminhos, tem gente trabalhando, é preciso acelerar, não podemos mais ficar apenas reclamando. O tempo passa rápido.

E nem temos espaço para falar do caráter multiuso de diversas Arenas. Fica para o próximo artigo.


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